ESPAÇO PARA CRESCER

Reitora Maria de Lurdes Rodrigues

MARIA DE LURDES RODRIGUES

Reitora

Neste primeiro número da revista EntreCampus, estão em destaque casos de ensino e investigação que fazem a história e a vida do Iscte.

1. O Iscte cresceu como espaço pluridisciplinar, com o cruzamento e o desenvolvimento dos seus campos disciplinares fundadores. Hoje é uma

instituição universitária única no panorama de ensino superior em Portugal. Concentra, num mesmo espaço, competências e saberes das ciências sociais e humanas, das tecnologias digitais e da arquitetura, proporcionando condições excecionais para o trabalho colaborativo pluridisciplinar. Os casos apresentados são, de certa forma, exemplares das oportunidades geradas pelo diálogo entre as áreas científicas das nossas escolas: Ciências Sociais e Humanas, Gestão, Sociologia e Políticas Públicas, Tecnologias e Arquitetura.

A complexidade dos desafios que hoje enfrentamos, da globalização à transformação digital, das alterações climáticas às desigualdades sociais, económicas e territoriais, exige a mobilização do conhecimento produzido em todas as áreas disciplinares. Nenhuma disciplina científica, por si só, produz conhecimento suficiente para resolver qualquer daqueles problemas. Precisamos de continuar a produzir conhecimento especializado em todos os campos disciplinares, das ciências fundamentais às aplicadas, das ciências sociais às ciências naturais, das tecnologias às artes. Porém, precisamos também, hoje mais do que nunca, de desenvolver trabalho colaborativo pluridisciplinar, de construir pontes que liguem e articulem os vários saberes. Só saberemos construir os saberes pluridisciplinares de que hoje precisamos se começarmos por consolidar o desenvolvimento das disciplinas em que nos especializamos. Mas só saberemos tirar todo o partido desse desenvolvimento e consolidação se mobilizarmos os seus resultados no âmbito de espaços de colaboração pluridisciplinar que nos permitam ser atores com participação relevante na resolução dos grandes problemas do nosso tempo.

2. O Iscte cresceu como espaço de inovação no plano do ensino, com o desenvolvimento de cursos e programas vários, uns de aprofundamento disciplinar, outros de aplicação interdisciplinar. As dinâmicas de inovação revelam-se na diversidade, na relevância e na qualidade dos cursos que disponibilizamos bem como na capacidade de antecipar e responder a expectativas e necessidades de novas qualificações, em especial nos níveis de pós-graduação.

Em 2019, foram lançadas no Iscte duas novas áreas de ensino e investigação: a ação humanitária e a ciência de dados. Em ambos os casos, trata-se de responder a desafios societais contemporâneos particularmente importantes, potenciando e cruzando capacidades, competências e saberes disponíveis no Iscte. É este o caminho que hoje privilegiamos, crescer por via de iniciativas pluridisciplinares, sobretudo nos níveis pós-graduados de ensino, articulando diferentes áreas de conhecimento bem como atividades de ensino e de investigação, orientados tanto por objetivos científicos como pela procura de respostas aos desafios sociais do nosso tempo.

3. Ao longo das últimas cinco décadas, o Iscte cresceu também como espaço plural, promotor de inclusão da diversidade. Este traço distintivo revela-se na capacidade de integrar todos os que querem estudar, acolhendo estudantes nacionais e internacionais, jovens e adultos, e cultivando práticas de proximidade.

O Programa de Doutoramento em Gestão desenvolvido nos últimos 10 anos, numa colaboração entre a Escola de Gestão do Iscte e a Southern Medical University, de Cantão, é um exemplo daquela capacidade de integração da diversidade. O programa envolve cerca de 450 estudantes chineses, tendo concluído já as suas teses mais de 150 doutorandos. É o maior programa de doutoramento em gestão do País, mas é, sobretudo, um desafio enorme para os docentes e investigadores que nele participam.

É, porém, no modo como organizamos as nossas atividades quotidianas que mais forte é a marca de inclusão que valorizamos. No Iscte, a organização do funcionamento da maioria dos cursos da formação pós-graduada, bem como de algumas das licenciaturas, em regime pós-laboral é talvez a melhor ilustração

da capacidade de acolhimento e de integração de diferentes tipos de estudantes, jovens e adultos, a tempo inteiro ou a tempo parcial, porque já integrados no mercado de trabalho.

4. O futuro do Iscte está a ser construído hoje por nós, docentes, investigadores, funcionários e estudantes. O futuro depende das escolhas que fizermos. O Iscte pode crescer como espaço de acantonamento ou como espaço de diálogo, como espaço de fechamento ou como espaço de abertura, como espaço local ou como espaço global. O Iscte que amanhã teremos depende de nós, das escolhas que hoje fizermos, das orientações que entretanto prosseguirmos.

A minha proposta, enquanto reitora, é que, no desenvolvimento de novas iniciativas nos domínios do ensino e da investigação, dêmos prioridade às escolhas do diálogo entre disciplinas e da abertura ao mundo global, valorizando a relevância social do nosso contributo. Penso que só assim poderá o Iscte continuar a ser um espaço para crescer e para inovar. Acredito que o Iscte é diferente e pode fazer diferente, consolidando e combinando de forma virtuosa as suas áreas disciplinares e científicas. Para is

so temos que, antes de mais, ser capazes de internamente cooperar, dialogar, entender e respeitar as nossas diferenças.

Há, no Iscte, muitas histórias inspiradoras para contar. Por essa razão criámos a revista EntreCampus. De seis em seis meses, divulgaremos novas histórias, revelando a riqueza das atividades desenvolvidas por docentes e investigadores, no âmbito das diferentes unidades de ensino e de investigação, desta forma comunicando e divulgando a relevância do Iscte no panorama do ensino universitário em Portugal.

 

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