Título
Para um estudo do jornalismo em Portugal (1976-2001) - Padrões jornalísticos na cobertura de eleições presidenciais
Autor
Caleiro, Maria Estrela Ramos Serrano
Resumo
pt
A actividade jornalística suscita, frequentemente, discussões em torno da
responsabilidade do jornalismo relativamente a questões como o desinteresse dos
cidadãos face à política (Patterson, 1994; Capella e Jamieson, 1997), o poder do
jornalismo em matéria de consagração de obras culturais (Bourdieu, 1997) ou a sua
conivência com o poder (Halimi, 1997). Apesar de estas discussões sugerirem, por parte dos seus autores, um conhecimento do que é o jornalismo persistem inúmeros
obstáculos que dificultam uma compreensão distanciada das práticas jornalísticas.
Um dos obstáculos a essa compreensão reside na existência de preconceitos
normativos fundados no facto de a emergência de uma imprensa livre estar
historicamente ligada à construção dos regimes democráticos. O jornalismo surge,
assim, como um caminho da democracia, como se prova pelo lugar dado à liberdade de
imprensa em inúmeras constituições, e não apenas como uma “profissão”. Dessa visão
normativa do jornalismo decorrem expectativas e preconceitos sobre o que o jornalismo
“deve” ser, que dificultam, em grande medida, a descoberta do que o jornalismo “é”,
efectivamente.