Os media desempenham um papel fundamental em moldar as percepções sociais das pessoas com deficiência, e podem contribuir sobremaneira para a efetivação dos seus direitos. A representação mediática da deficiência é um campo pouco investigado dentro das Ciências da Comunicação, com ainda menos trabalhos desenvolvidos na área do jornalismo português. Com o objetivo de se verificar e analisar as representações da deficiência nos principais jornais impressos em Portugal, na década de 2008 a 2018, período que marca a ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), formulou-se a seguinte questão de partida “Como a deficiência e as pessoas com deficiência são representadas pela imprensa portuguesa?” Complementarmente, por ocasião da pandemia do Covid-19, decidiu-se ampliar as análises para o período do primeiro confinamento português (março, abril e maio de 2020), de forma a verificar a atenção dedicada às pessoas com deficiência. A partir de uma abordagem de métodos mistos, foi realizada, numa fase quantitativa, uma análise de conteúdo categorial. Posteriormente, desenvolveu-se uma análise temática em uma parte selecionada do corpus. Os resultados encontrados evidenciam que a representação da deficiência na imprensa portuguesa, embora tenha avançado no sentido de uma abordagem de direitos, conforme preconizada pela CDPD, mantém a deficiência com pouca representatividade, do mesmo modo que não garante espaços de destaque nos impressos, persiste em enquadramentos tradicionais da deficiência (médico, patológico social e supercrip) e encontra-se baseada em estereótipos que remetem à tragédia, à dependência, à incompetência e a busca pela superação da deficiência.

The media assumes a fundamental role in shaping how society perceives people with disabilities and significantly contributes to the implementing of their rights. The media representation of disability is an underexplored field within communication sciences, with even fewer studies addressing portuguese journalism. The research question, “How are disability and people with disabilities represented in the Portuguese press?” sought to identify and analyze representations of disability in major Portuguese print newspapers during the decade from 2008 to 2018—a period marked by the ratification of the UN Convention on the Rights of Persons with Disabilities (CRPD). Additionally, in light of the coronavirus pandemic, the study expanded it’s scope to include the first portuguese lockdown (March, April, and May 2020) to examine the attention given to people with disabilities during the pandemic. A mixedmethods approach was adopted, combining a categorical content analysis during the quantitative phase with a thematic analysis applied to a selected portion of the corpus. The findings revealed that, although the representation of disability in the portuguese press has significantly progressed towards a rightsbased approach in line with the CRPD, disability remains underrepresented and does not receive prominent coverage in print media. Traditional models of media representation of disability (medical, pathological, social, and supercrip) persist, and portrayals are largely grounded in stereotypes linked to tragedy, dependency, incompetence, and overcoming disability.