Esta dissertação tem o propósito de construir um entendimento socioantropológico sobre os investidores e o investimento financeiro compreendendo as suas subjetividades e valores culturais inerentemente vinculados à vida quotidiana e que marcam a experiência comum numa sociedade capitalista, neoliberal, finaceirizada, globalizada e informatizada contemporânea. Desta forma, esta dissertação desenvolveu-se através de uma contextualização de um grupo específico de investidores, buscando trazer à luz, de forma etnográfica, o investidor jovem e não profissionalizado no contexto português e metropolitano. O valor da participação nos mercados não se esgota no contexto do mérito financeiro e da criação de valor económico, inscrevendo-se também nas formas de pensar e dar sentido à ação individual, desta forma respondendo a espectativas emocionais, pessoais e familiares e sobre a vida em comunidade, alinhadas com os valores morais e políticos no espaço imaginário de uma cultura capitalista e neoliberal. Associada ao seu contexto financeirizado e representando uma forma economicamente responsável e autoempreendedora de acumulação de património, a propriedade mobiliária é destacada enquanto objeto de valor simbólico e utilidade social, enquadrada pelos discursos neoliberais do quotidiano enquanto símbolo de independência financeira e de liberdade pessoal.

This dissertation aims to build a socio-anthropological understanding of investors and financial investment, understanding their subjectivities and cultural values inherently linked to everyday life and which mark the common experience in a contemporary capitalist, neoliberal, financialized, globalized and computerized society. Thus, this dissertation was developed through the contextualization of a specific group of investors, seeking to bring to light, in an ethnographic approach, the young and non-professionalized investor in the Portuguese and metropolitan context. The value of participation in markets is not limited to the context of financial merit and the creation of economic value, it is also part of the ways of thinking and giving meaning to individual action, thus responding to emotional, personal and family expectations and about life in community, aligned with political and moral values in the imaginary space of a capitalist and neoliberal culture. Associated with its financialized context and representing an economically responsible and self-entrepreneurial form of wealth accumulation, movable property is highlighted as an object of symbolic value and social utility, framed by everyday neoliberal discourses as a symbol of financial independence and personal freedom.