Teses e dissertações

Doutoramento
Psicologia Social de Lisboa
Título

Alvos em movimento: o papel das características dos estímulos na primação afectiva

Autor
Prada, Marília
Resumo
pt
Neste trabalho focamos o fenómeno de primação afectiva, enquanto o impacto que a activação da valência de um estímulo (primo) exerce na avaliação de um outro subsequente (alvo). Desenvolvemos a tese de que este fenómeno deve ser reenquadrado à luz da evidência obtida no campo das atitudes, em particular naquela que sugere a sua maleabilidade contextual. Esta proposta assenta na exploração do papel de características dos estímulos-alvo enquanto definidores de limites ao fenómeno da primação afectiva. Num primeiro conjunto de experimentos testámos a possibilidade de a acessibilidade atitudinal dos alvos restringir a influência de uma valência contextualmente activada ao nível dos seus julgamentos avaliativos e respectivos tempos de resposta. Para tal, promovemos essa acessibilidade experimentalmente através de exposições ou avaliações repetidas dos alvos previamente à fase de primação afectiva (Experimentos 1.A e 1.B), assim como seleccionámos alvos com diferentes níveis de acessibilidade crónica (Experimentos 2 e 3). A hipótese de moderação não encontrou suporte nos dados destes primeiros experimentos, sendo consistente a presença de um padrão de resultados que reflecte o impacto do contexto na avaliação dos estímulos-alvo. No entanto, uma análise cuidada aos mesmos sugere que a valência do primo não é o único determinante das atitudes face aos alvos, sendo esta restringida pelas características destes últimos. De facto, verifica-se uma influência conjunta do contexto e da atitude prévia nas avaliações reportadas pelos participantes. De forma a explicar o fenómeno fazendo face a ambas as influências, sugerimos a adopção de uma perspectiva mais flexível do próprio constructo de atitude (modelo conexionista de Bassili e Brown, 2005) e do mecanismo que lhe está subjacente (“compound-cue theory” de Ratcliff e McKoon, 1988).Num segundo conjunto empírico inspirado por essas abordagens, propomos que a definição de limites à influência do contexto se poderá situar antes ao nível da variabilidade associada à representação dos alvos. Nestes últimos, demonstrámos que esta “variabilidade na representação” assume de facto um impacto moderador na magnitude do efeito de primação afectiva tanto em alvos caracterizados pelo seu reduzido nível de familiaridade (Experimento 4) como em alvos familiares e claramente valenciados a priori (Experimento 5), sendo que quanto maior a variabilidade, maior a magnitude do efeito. As implicações de tais evidências para ambos os campos – atitudes e primação afectiva, são discutidas chamando-se a atenção para o facto do fenómeno de primação afectiva poder ser elucidativo acerca da dualidade intrínseca ao ser humano de estabilidade versus flexibilidade.
en
In this work, we focus on the affective priming phenomenon, which describes the impact that the activation of one stimulus valence (prime) has in the evaluation of another subsequent stimulus (target). We build up the thesis that this phenomenon should be reconsidered in light of the evidence found in the attitudes study field, particularly the one that suggests its contextual malleability. This proposal anchors in the investigation of the role played by targets characteristics as defining limits to the affective priming phenomenon. In a first set of experiments, we tested the possibility that target accessibility may restrict the influence of a contextually activated valence on its evaluative judgments and respective response times. In order to do so, we promoted that accessibility experimentally through repeated target exposure or evaluation prior to the affective priming phase (Experiments 1.A and 1.B), as well as selected targets with different levels of chronic accessibility (Experiments 2 and 3). The moderation hypothesis was not supported by the data of these first experiments, having consistently emerged a pattern of results reflecting the contextual impact on targets evaluation. However, a closer analysis suggests that prime valence is not the only factor determining attitudes towards the targets, being them [target attitudes] restricted by targets’ characteristics. In fact, we observe a conjoint influence of context and prior attitude in the evaluations reported by participants. In order to explain the phenomena addressing both influences, we suggest the adoption of a more flexible perspective of the construct of attitude (the connectionist model by Bassili and Brown, 2005), as well of its underlying mechanism (the “compound-cue theory” by Ratcliff and McKoon, 1988). In a second set of experiments inspired by these approaches, we propose that the definition of limits to the contextual influence may be found at the level of targets representation variability. In these last experiments, we demonstrated that this representation variability can in fact moderate the magnitude of the affective priming effect either for low familiarity targets (Experiment 4) and for highly familiar a priori valenced targets (Experiment 5). The implications of these findings for both study fields – attitudes and affective priming, are discussed highlighting the fact that this phenomenon may contribute to clarify the stability versus flexibility duality inherent to the human being.

Data

14-out-2015

Palavras-chave

Primação afectiva
Affective priming
Atitude
Attitudes
Características dos alvos
Força atitudinal
Variabilidade
Target characteristics
Attitude strength
Variability

Acesso

Acesso restrito. Solicitar cópia ao autor.

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