Título
A cultura da presença em Portugal: Contributos para a definição do conceito
Autor
Mimoso, Sofia Caixinhas Alves
Resumo
pt
No contexto actual de profunda alteração do mercado de trabalho em Portugal, são do
interesse público fenómenos sociais e organizacionais que se acentuam em períodos de crise.
Um desses fenómenos, circunscrito à área de gestão e comportamento organizacional,
nomeado por “presentismo”, foi o conceito promotor desta investigação. O presentismo
reporta os casos onde o profissional força a sua presença no trabalho, em situação de doença
ou indisposição, mesmo reconhecendo a sua baixa produção.
Todavia, o objectivo deste estudo é a proposta de formulação de um novo o conceito nomeado
por “cultura da presença” como prolongamento do presentismo, operando numa área cinzenta
da bibliografia. Procura explicar-se porque é que os indivíduos trabalham mais horas e/ou
estão sempre disponíveis ao trabalho, contrariando o que está contratualmente definido, em
estado de perfeita saúde, que é o que o presentismo não engloba.
Estes últimos, fazem-no pela acção de motivos recônditos pessoais e profissionais, mitos,
crenças e dilemas organizacionais subjacentes, do que propriamente por motivos de produção.
São estas as causas encobertas que a cultura da presença enquanto conceito original quer
abarcar, desvinculando a acepção de “presença” dada pelo presentismo do âmbito
exclusivamente ligado às áreas da saúde.
Como principais resultados do estudo elaborado, comprovou-se que existem forças como a
volatilidade do mercado; a própria cultura organizacional portuguesa; o controlo por parte das
chefias; controlo dos pares; a gestão de impressões; a competição posicional e por género,
entre outros, que elevam a pressão para que os colaboradores se mantenham, de forma
recorrente, em períodos de trabalho extraordinários, mesmo conscientes do fingimento da sua
produtividade.
en
In the current context of profound changes in the labour market in Portugal, the organisational
and social phenomena that are accentuated in times of crisis become public interest. One of
these phenomena, confined to the area of management and organizational behavior, named
"presenteeism", was the concept that triggered this research . The presenteeism relates to
cases where the employees force their presence at work in situations of disease or illness,
while acknowledging their lower productivity.
However, the aim of this study is to propose the formulation of a new concept named
"culture of presence " as an extension of presenteeism, operating in a gray area of the
literature. It seeks to explain why individuals work longer hours and / or are always available
to work, contrary to what is contractually defined, while in a state of perfect health, which is
what presenteeism does not cover.
In the latter case, their actions are a result of recondite reasons both personal and professional,
myths and underlying organisational beliefs and dilemmas, reasons that go beyond actual
productivity concerns. These are the covert causes that the culture of presence, as an original
concept, aims to cover, detaching the meaning of "presence” given by presenteeism from the
exclusive scope of health issues.
The main results of the study show that there are forces such as market volatility , the
Portuguese organizational culture, control exerted by managers, peer control, impression
management, gender and positional competition within the company, among others, that
increase pressure on employees. As a result, employees remain in the workplace, on a
recurring basis, in overtime periods even when they are aware of their pretense productivity.