A formação apresenta-se como um instrumento de capacitação de trabalhadores e das empresas no processo de adaptação aos desafios de qualificação e requalificação num contexto de forte aceleração das mudanças tecnológica e digital. Assume-se também como uma ferramenta que, pelo menos potencialmente, permite reduzir desigualdades de oportunidade e de competências no interior das empresas. A presente dissertação tem como tema as desigualdades de acesso à formação profissional e os seus impactos diferenciados em cinco empresas de média dimensão do setor automóvel do distrito de Setúbal. A problemática centra-se na forma como a formação profissional poderá reproduzir, ampliar ou mitigar as desigualdades sociolaborais nas empresas. A metodologia adotada é mista, na análise qualitativa, utiliza o método de análise de conteúdo, multi-caso, com a realização de 10 entrevistas a responsáveis de recursos humanos das empresas, bem como a representantes das comissões de trabalhadores e na análise quantitativa são investigadas as informações estatísticas dos dados do Inquérito à Formação Contínua (GEP/MTSSS). Os resultados obtidos na investigação permitem concluir que se verifica um universalismo em relação à carga horária da formação profissional. A obrigatoriedade leva a que as empresas tomem a iniciativa de fornecimento de formação. O tipo de formação adotado é não formal. A modalidade de formação adotada é inicial para novos trabalhadores e contínua de atualização para os restantes trabalhadores. Verifica-se desigualdade de acesso em relação a qualificações, profissão e tipo de contrato. Constata-se desigualdades de impactos na progressão de carreira e/ou mobilidade funcional e nos aumentos salariais.

Training is presented as an instrument to empower workers and enterprises in the process of adaptation to the challenges of qualification and requalification in a context of strong acceleration of technological and digital changes. It is also a tool that, at least potentially, allows reducing inequalities of opportunity and skills within companies. This dissertation has as its theme the inequalities in access to professional training and its differentiated impacts in five medium-sized enterprises in the automotive sector in the district of Setúbal. The problem focuses on how professional training may reproduce, amplify or mitigate socio-labor inequalities in firms. The methodology adopted is mixed, in the qualitative analysis, the content analysis method is used, multi-case, with the realization of 10 interviews to human resources managers of the companies, as well as to representatives of workers' committees and in the quantitative analysis the statistical information from the Continuing Training Survey data (GEP/MTSSS) is investigated. The results obtained in the research allow us to conclude that there is a universalism in relation to the workload of professional training. The obligation leads companies to take the initiative in providing training. The type of training adopted is non-formal. The type of training adopted is initial for new workers and continuous refresher training for the remaining workers. There is unequal access in relation to qualifications, profession and type of contract. There are unequal impacts in terms of career progression and/or functional mobility and salary increases.