As pessoas mais velhas têm uma menor probabilidade de usar tecnologias de informação e comunicação, impedindo que vivam de forma independente num mundo cada vez mais digital. Apesar de serem estereotipadas como tendo menos competências tecnológicas, a influência destes estereótipos nos seus padrões de utilização permanece pouco estudada. Este trabalho pretendeu investigar se e como os estereótipos etários determinam os comportamentos de utilização de tecnologias das pessoas mais velhas. Segundo a teoria da ameaça do estereótipo, o receio de confirmar estereótipos negativos pode fazer com que os mais velhos evitem usar tecnologias. Três estudos longitudinais e correlacionais verificaram uma relação entre maiores níveis de ameaça do estereótipo e menores taxas de utilização de tecnologias, sendo esta mediada pela ansiedade, facilidade percebida, utilidade percebida e intenção comportamental de acordo com o modelo de aceitação de tecnologias. Por sua vez, segundo a teoria da incorporação do estereótipo, a internalização de estereótipos etários em autoperceções de envelhecimento pode demover os mais velhos de usar tecnologias. Três estudos longitudinais verificaram uma relação entre autoperceções de envelhecimento mais positivas e maiores níveis de utilização de tecnologias, sendo esta mediada pelo funcionamento cognitivo. Ao confirmar os pressupostos das duas teorias, estes resultados sugerem que os estereótipos etários influenciam os comportamentos de utilização de tecnologias das pessoas mais velhas através de processos complementares. Estudos futuros deverão explorar estas relações integrando ambas as teorias. Intervenções que promovam contactos intergeracionais positivos e visões positivas sobre a idade e o envelhecimento poderão contribuir para a inclusão digital deste grupo etário.

Older adults are less likely to use information and communication technologies, limiting their ability to live independently in an increasingly digital world. Despite being stereotyped as lacking technological competence, the influence of age stereotypes on older adults’ use behaviours remains largely understudied. This work aimed to investigate whether and how age stereotypes determine technology use in late adulthood. According to stereotype threat theory, the fear of confirming negative stereotypes about their age group may lead older adults to avoid using technology. Across three studies based on longitudinal and cross-sectional designs, higher levels of stereotype threat were associated with lower rates of technology use. In line with the technology acceptance model, this relationship was mediated by anxiety, perceived ease of use, perceived usefulness, and behavioural intention. In turn, as implied by stereotype embodiment theory, the internalization of age stereotypes endorsed earlier in life into self-perceptions of ageing later in life may deter older adults from using technology. Across three studies based on longitudinal data from the Health and Retirement Study and the German Ageing Survey, more positive self-perceptions of ageing were associated with higher levels of technology use. Cognitive functioning mediated this relationship. By confirming the assumptions of both theories, these findings suggest that age stereotypes influence technology use in late adulthood through complementary processes. Future studies should further explore these relationships by integrating both theoretical approaches. Interventions and policies promoting positive intergenerational contact and positive views on age and ageing should thus contribute to the digital inclusion of older adults.