Title
Amor, sexo e género: trajectórias íntimas do/as jovens adultos para a vida adulta
Author
Marques, Ana Cristina Henriques
Summary
pt
Baseada em entrevistas semiestruturadas, realizadas a 60 jovens-adultos, com idades compreendidas
entre os 18 e os 29 anos, residentes em Leiria, Portugal, e pertencentes a diferentes posições sociais, este
trabalho analisa as trajetórias intimas de um conjunto de jovens e a sua articulação com transição para a
vida adulta, tomando em especial atenção as representações, valores e normas que orientam as práticas e
os relacionamentos sexuais e/ou amorosos dos/as jovens, e os contextos, redes e posições sociais em que
estes/as se inserem. Argumenta-se, assim, que os conhecimentos sobre sexualidade e a construção das
identidades sexuais e de género dos/as jovens são apreendidos e feitos a partir de múltiplos espaços de
socialização, como a família, os/as amigos/as, os/as parceiros/as e/ou os média e as novas tecnologias da
informação, que podem transmitir informações contraditórias e/ou ter diferentes campos de possibilidades;
sendo que, neste contexto, os/as jovens, criam os seus artesanatos das ideias (Almeida, 2013). Por
conseguinte, os/as jovens tendem a ter práticas e representações da sexualidade diversas, múltiplas e,
frequentemente, contraditórias, usando diferentes guiões sexuais, existentes na sociedade (romântico,
essencialista, hedonista...), de acordo com as suas posições e circunstâncias sociais, os seus encontros
interpessoais, e as possibilidades que estes admitem a um nível intrapsíquico. Simultaneamente, defende
se que o domínio da intimidade, e especificamente da sexualidade, não é insignificante para as transições
dos/as jovens para a vida adulta. Intimidade, afetividade, sexualidade e género têm implicações, quer em
termos práticos quer em termos de expectativas, no modo como os/as jovens vivem este período das suas
vidas, especialmente no que diz respeito à saída de casa dos pais, à entrada em conjugalidade e/ou à entrada
em parentalidade. Por fim, sublinha-se a importância dos aspetos íntimos e relacionais, por exemplo ao
nível dos relacionamentos familiares, de amizade, sexuais e/ou amorosos e de parentalidade, contra os
“riscos” do mundo individualizado das sociedades ocidentais contemporâneas.
en
Based on semi-structured interviews with 60 young people, aged 18-29 years old, living in Leiria,
Portugal, and belonging to different social backgrounds, this work analyses the intimate paths of a group
of young people and its articulation with their transitions into adulthood, taking into special attention the
representations, values and norms that guide young people’s sexual and/or love practices and relationships,
and the contexts, networks and social positions in which they are immersed. Thus, it’s argued that young
people’s knowledge about sexuality and their construction of sexual and gender identities is based in
multiple socialization spaces, as the family, friends, partners, media and the new information technologies,
that can transmit contradictory information and/or have different possibility fields. In these contexts young
people create their own patchwork of ideas (Almeida, 2013). Thereafter, young people tend to have diverse,
multiple and, often, contradictory practices and representations of sexuality; drawing on different sexual
scripts that exist in society (romantic, essentialist, hedonist...) according to their social circumstances and
positioning, their interpersonal encounters, and the possibilities they admit at an intra-psychic level.
Simultaneously, it’s argued that the domain of intimacy, namely sexuality, it’s not trivial for young people’s
transitions into adulthood. Intimacy, affection, sexuality and gender have practical implications in their
lifestyles and/or may affect young their expectations, especially concerning leaving home, conjugality
and/or parenthood. Finally, the importance of intimacy and the relational aspects of life are underlined, e.g.
in terms of family relations, friendship, sexual and love relationships and parenthood, against the “risks” of
the individualized world, of contemporary western societies