Title
O impacto das disparidades socioeconómicas na distribuição de recursos hídricos, no contexto de Santa Clara-a-Velha, Odemira
Author
Granjo, Samu Figueiredo
Summary
pt
O território de Odemira lida atualmente com problemas de escassez hídrica; agravados por práticas
agrícolas que degradam o solo, uma gestão hídrica insustentável, e a subida de temperatura
atmosférica trazida pelas alterações climáticas. O território alentejano foi marcado no passado pelas
práticas de cultivo de cereais do Estado Novo, que degradaram significativamente o solo. Atualmente,
o incentivo à plantação de eucaliptos e pinheiros; a agricultura intensiva de monoculturas; e as
alterações climáticas têm vindo a danificar ainda mais o solo. Uma terra com cada vez menos humidade
e um uso da água que se realiza de forma insustentável, acompanhado por uma quebra de
precipitação, resultam numa capacidade menos elevada de armazenamento hídrico.
Partindo da base teórica do questionamento da distinção ontológica entre seres humanos e a
restante natureza, e da insustentabilidade do sistema capitalista atual, exploro as origens e problemas
dos comportamentos que marcam o contexto de uma aldeia especifica: Santa Clara-A-Velha, em
Odemira.
No entanto, esta escassez hídrica não será sentida de igual forma por toda a população. O que,
quando conjugado com o contexto histórico de pobreza socioeconómica do Alentejo rural, resulta
numa maior vulnerabilidade para os indivíduos mais empobrecidos. Este trabalho parte dessa
inquietação e procura estabelecer uma relação entre pobreza socioeconómica e disparidade no acesso
à água em Santa Clara-a-Velha. Para tal, utiliza pesquisa de natureza qualitativa, com dados recolhidos
através de entrevistas com a população local, para demonstrar a desigualdade no acesso à água nesta
aldeia, com exemplos concretos.
en
The territory of Odemira is currently dealing with problems of water scarcity; worsened by agriculture
practices that contribute to soil degradation, unsustainable water management, and rising
temperatures resultant from climate change. The territory of Alentejo and its soil has been marked by
cultivation practises from Estado novo which caused its degradation. Currently, encouraging the
planting of eucalyptus and pine trees; monoculture-based agriculture; and climate change, has further
damaged the soil. A land with less humidity and an unsustainable use of water, accompanied by a
decrease in precipitation, results in a lower water storage capacity.
Building upon the theorical framework of the necessity of questioning the ontological
distinction between human beings and the rest of nature, and the unsustainability of the current
capitalist system, I explore the origins and problems of behaviors that mark the context of a specific
village: Santa Clara-A-Velha, in Odemira.
However, this water scarcity issue will not be felt equally by the entire population. Which,
when combined with the historical context of socioeconomic poverty in rural Alentejo, can result in
greater vulnerability for the most impoverished individuals. This work is based on this concern and
seeks to establish a connection between socioeconomic poverty and disparity in access to water in
Santa Clara-a-Velha. For this, qualitative research will be used, with data collected through interviews
with the local population, to demonstrate the inequality in access to water in this village, with concrete
examples.