Title
A participação de Portugal em missões internacionais de manutenção da paz e o seu impacto na política externa
Author
Mello, Pedro Gonçalves
Summary
pt
Esta dissertação analisa a participação de Portugal em missões internacionais de paz, centrando-
se nos casos de Timor-Leste e Afeganistão, com o objetivo de compreender como essas
operações contribuíram para a afirmação de Portugal como um Estado democrático e para a sua
inserção no sistema internacional, especialmente após o período pós-1974. A investigação
utiliza uma abordagem comparativa para explorar a evolução da Política Externa Portuguesa
(PEP) e as motivações subjacentes a cada intervenção, destacando o contraste entre as
estratégias de soft power e hard power adotadas por Portugal em cada contexto.
A metodologia adotada combina uma análise qualitativa de fontes documentais primárias
e secundárias, incluindo relatórios oficiais, publicações académicas e documentos
governamentais. A seleção de Timor-Leste e Afeganistão permite uma avaliação abrangente
dos diferentes contextos de intervenção, destacando os impactos dos laços culturais e históricos
em Timor-Leste, bem como o papel das alianças transatlânticas e da NATO no Afeganistão.
Os resultados demonstram que a participação em Timor-Leste reforçou a imagem de
Portugal como promotor da paz e defensor dos direitos humanos, consolidando laços históricos
e culturais e posicionando Portugal como líder na CPLP e na ONU. Em contrapartida, a
intervenção no Afeganistão evidencia o compromisso de Portugal com a segurança
internacional e o seu alinhamento estratégico com a NATO, embora expusesse as limitações
logísticas e operacionais de Portugal em contextos de guerra prolongada.
Conclui-se que o envolvimento de Portugal nestas missões de paz foi fundamental para a
sua afirmação enquanto Estado democrático e para a sua integração em estruturas multilaterais.
A dissertação contribui para o entendimento das operações internacionais de paz e da política
externa portuguesa no período pós-1974, sugerindo que a PEP deve priorizar intervenções de
soft power em regiões culturalmente próximas e ponderar o envolvimento em missões de hard
power apenas quando alinhadas com uma estratégia multilateral clara e sustentável.
en
This dissertation analyses Portugal's participation in international peacekeeping missions,
focusing on the cases of Timor-Leste and Afghanistan to understand how these operations
contributed to Portugal's assertion as a democratic state and its integration into the international
system, particularly in the post-1974 period. This research adopts a comparative approach to
explore the evolution of Portuguese Foreign Policy (PEP) and the motivations behind each
intervention, highlighting the contrast between the soft power and hard power strategies
adopted by Portugal in each context.
The methodology combines a qualitative analysis of primary and secondary documentary
sources, including official reports, academic publications, and government documents. The
selection of Timor-Leste and Afghanistan allows for a comprehensive assessment of different
intervention contexts, emphasizing the impact of historical and cultural ties in Timor-Leste and
the role of transatlantic alliances and NATO in Afghanistan.
The results show that Portugal’s participation in Timor-Leste strengthened its image as a
promoter of peace and human rights defender, consolidating historical and cultural ties and
positioning Portugal as a leader in the CPLP and the UN. In contrast, the intervention in
Afghanistan highlights Portugal’s commitment to international security and its strategic
alignment with NATO, though it also exposed logistical and operational limitations in
prolonged conflict contexts.
The conclusion is that Portugal’s involvement in these peacekeeping missions was crucial
for its assertion as a democratic state and its integration into multilateral structures. This
dissertation contributes to understanding Portuguese foreign policy and international peace
operations in the post-1974 period, suggesting that PEP should prioritize soft power
interventions in culturally proximate regions and consider hard power missions only when
aligned with a clear and sustainable multilateral strategy.