Teses e dissertações

Doutoramento
Ciências da Comunicação
Título

Histórias que as paredes contam: o muralismo como forma de comunicação: alternativa na cidade de Setúbal (1974-2014)

Autor
Freitas, Maria Helena Rapaz de Sousa
Resumo
pt
Os murais, ponto nevrálgico nas estratégias comunicacionais de todo o espectro partidário no pós-25 de Abril de 1974, ressurgem mais massivamente em momentos conturbados da História, quando partidos, sindicatos ou movimentos cívicos se apropriam do espaço público e o transformam num veículo de informação paralelo aos meios convencionais, cujo acesso sentem como restrito ou cuja manipulação receiam. Dirigida ao transeunte, cujo olhar, eventualmente cúmplice, procura seduzir, a comunicação mural exerce-se, pois, sem filtros ou gatekeepers, reflectindo o quotidiano da urbe em que se insere e dando voz aos questionamentos, anseios e dramas dos que a habitam. Recorrendo a um misto de técnicas e instrumentos – da entrevista ao inquérito, passando por um esboço de observação participante (por via do acompanhamento da campanha eleitoral de um pequeno partido) –, a presente investigação ausculta aqueles que, a título individual ou integrados num colectivo, inscreveram mensagens na malha urbana de Setúbal, bem como os destinatários das mesmas, procurando aferir o alcance e a eficácia da retórica dos muros. Ao longo de 40 anos de democracia, que temas ganharam protagonismo neste suporte? Foram também objecto de tratamento noticioso na imprensa local ou por ela ignorados? Que objectivos, condicionantes e expectativas impeliram os muralistas a recorrer à tinta e ao pincel na prossecução de uma prática de êxito dificilmente mensurável? Perante a acção destes, como reagiram os decisores políticos, incumbidos de manter a ordem no espaço urbano? Obter resposta a estas e outras questões inerentes a uma forma de expressão milenar que enfrenta actualmente a concorrência da publicidade, em termos de território e de visibilidade, e a das novas tecnologias, enquanto modelo difusor de informação, é o propósito desta tese.
en
Murals, a key point in the communication strategies of the entire party spectrum right after the 1974 Carnation Revolution, resurface the most during turbulent times, when parties, unions or civic movements seize the public space and turn it into an information vehicle parallel to the so-called traditional media, whose access they feel to be off-limits to them or whose manipulation they fear. Directed to the passer-by and seeking to seduce a hopefully accomplice look, mural communication is, therefore, exercised without filters or gatekeepers, reflecting the daily life of the city of which it is a part of and giving voice to the questions, yearnings, and dramas of those who inhabit it. Using a mix of techniques and instruments – such as interviews, a survey, or a participant observation outline (based on the monitoring of a small party’s electoral campaign) –, the present investigation listens to those who, individually or in a collective, left their messages marked in the urban fabric of Setúbal, and to the recipients of those messages, trying to assess the reach and effectiveness of the rhetoric of the walls. Over 40 years of democracy, what themes gained prominence in this medium? Were they also the subject of news coverage or ignored by the local press? What goals, constraints, and expectations prompted muralists to use brush and paint in pursuit of a practice difficult to measure? Faced with their action, how have local authorities reacted to maintain order in the urban tissue? This thesis aims to answer these and other questions inherent to an ancient form of expression that is facing the competition of advertising, in terms of territory and visibility, and of new technologies, as an information broadcasting model.

Data

04-fev-2020

Palavras-chave

Partidos Políticos
Political Parties
Comunicação
Communication
Politics
Movimentos sociais
Memory
Estratégias de comunicação
history
Unions
Sindicato
Protests
Muralismo
Memória local
Setúbal -- Portugal -- 1974-2014
Murals
Civic movements

Acesso

Acesso livre

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