Título
Surdidade: construção social para a comunidade surda
Autor
Morais, Amílcar José Oliveira de Sousa
Resumo
pt
O sujeito Surdo vive uma experiência semelhante àquelas pessoas vegetais que
têm consciência do que se passa à sua volta, mas estão incapazes de fazer alguma coisa
por si próprias. Ao contrário dessas pessoas, os Surdos são completamente saudáveis e
capazes de comunicar intensamente. Porém, os Surdos vêm-se a si próprios como
impotentes, deficientes, e é disso, sobretudo, que a vida intelectual dos Surdos trata,
hoje em dia. Como chamar a atenção de toda a sociedade da violação quotidiana dos
direitos humanos dos Surdos, por debaixo da boa-fé e da ignorância generalizada sobre
a condição Surda e a sua cultura? Como chamar à responsabilidade o conjunto da
sociedade, para que tire o pé distraidamente deixado em cima dos nossos pescoços, para
assim podermos respirar uma vida intelectual participativa que nos permita conviver,
como qualquer outras pessoas? O recurso à sociologia, no caso desta dissertação,
explica-se como forma de denunciar os erros da visão biomédica do Surdo, que o
considera deficiente, e oferecer uma visão integrada dos Surdos como minoria cultural
com características próprias.
Na ausência de uma cultura Surda, a cultura desterritorial que existe faz dos Surdos
alvos privilegiados de exclusões sociais evitáveis, pois estão excluídos da comunicação
à sua volta. Assim se gera um caldo de desconfiança que caracteriza a vida dos sujeitos
Surdos, que apenas podem imaginar comunicar com quem os rodeia. A sociologia
poderá passar a ter presente os Surdos como caso de estudo, entre a estigmatização ou
rotulagem politico-laboral e educacional, como deficientes que não somos, e a
indiferença e vergonha escolar e familiar, surpreendidas pela ignorância daqueles que
querem bem a Surdos, mas desconhecem o que seja a condição da Comunidade Surda.
en
The Deaf subject lives an experience similar to those people who are in an
vegetative state that are aware of what’s happening around them, but are unable to do
something for themselves. Otherwise these people, the Deafs are, however, completely
healthy and able to communicate sorely. However, Deaf people see themselves as
powerless, disabled, and it’s mainly this that intellectual deaf’s life is all about,
nowadays. How can we call all society’s attention towards the daily Deaf’s human
rights infractions, underneath good - Will, and generalized nescience about Deaf
condition and its culture? How can we ask for responsibility to the whole society group,
so that they can take off that foot unheeding left over our necks, so that we can breathe
an intellectual active life? The recourse to sociology, in the specific case of this thesis,
it’s explained as a mean of striking the Deaf’s biomedical view, that considers deaf as
disabled, and a mean to offer a Deaf’s integrate view as a cultural minority with specific
characteristic in modern societies.
Within the absence of a Deaf Culture, the existing non-territorial culture makes Deaf
people privileged targets of defiances inside society itself, because they are excluded
from communication around them. Therefore, it’s created a broth of mistrust that marks
the Deaf subjects’ lifes, who can only imagine communicate towards the ones that
surround them.
Sociology can further have Deafs as a case study, amongst stigmatization or politicallabor and educational labelling as disabled people that we are not, and the scholar and
familiar unconcern and shame, surprised by the ignorance of those who care for the
Deaf but are not aware of what might be the Deaf’s Community status.