Como seria um museu de arte contemporânea acessível a pessoas com deficiência visual? Em resposta à pergunta de partida e através de um estudo qualitativo, procurámos planear um museu de arte contemporânea portátil, multissensorial e acessível. O Out Museum, consiste numa mala com réplicas das obras de Lygia Clark - artista plástica contemporânea que desenvolveu uma estética sensorial – e conteúdos informativos nas versões braille e ampliada. Com base numa pesquisa documental e bibliográfica, questionámos a relação entre as pessoas com deficiência visual e os museus de arte, salientando a predominância da cultura visual e, consequentemente, o afastamento destes públicos. No entanto, conclui-se que a utilização de materiais quotidianos e a multissensorialidade das obras contemporâneas, facilitam o seu reconhecimento e possibilitam a sua fruição através de outros canais sensoriais, criando oportunidade à inclusão. O Out Museum, enquanto “museu portátil”, tem origem na “Boîte-en-valise” de Marcel Duchamp, à qual acrescenta o propósito de democratização e inclusão através da arte. Durante a pesquisa empírica, através da realização de entrevistas, focus group e observação participante, analisámos experiências de visita de pessoas com deficiência visual a exposições de arte contemporânea, como ao protótipo do Out Museum, que permitiram validar a escolha das obras de Lygia Clark, corrigir o protótipo e ponderar o alargamento deste projeto a outros públicos. Com base em dados estatísticos, definimos o público-alvo do projeto e, posteriormente, planeámos a estratégia de marketing, o modelo de negócio e os processos de avaliação a implementar no Out Museum.

How can a contemporary art museum be accessible to visually impaired people? In response to the question, through a qualitative study, we planned a portable, multi-sensorial and accessible contemporary art museum. The Out Museum is a suitcase with replicas of Lygia Clark’s works – a contemporary artist who developed a sensorial aesthetic - with informative contents in braille and large print. Based on a documental and bibliographical research, we questioned the relationship between visually impaired people and art museums, emphasizing the predominance of visual culture and, consequently, the distance of these audiences. However, we concluded that the use of everyday materials and the multi-sensoriality of contemporary works, help visually impaired people to recognize them and experience them through other sensorial channels, creating an opportunity for inclusion. The Out Museum, as a "portable museum", comes from the "Boîte-en-valise" by Marcel Duchamp, to which we added the purpose of democratization and inclusion through the art. During the empirical research, through a focus group, interviews and participant observation, we analyzed experiences of visually impaired people visiting contemporary art exhibitions, such as the Out Museum’s prototype, which allowed us to validate the choice of Lygia Clark’s work, improve the prototype and consider to include other audiences in this project. Based on statistical data, we defined the project’s target audience and then we planned the marketing strategy, the business model and the evaluation processes to be implemented in the Out Museum.