A segurança do doente e o desenvolvimento de processos de qualidade na segurança têm vindo a ganhar destaque na gestão empresarial no sector público e político, nomeadamente na Europa, depois de o projeto "Quality and Safety in European Hospitals" ter sido impulsionado com o apoio da agenda da estratégia de Lisboa. Igualmente, a investigação científica tem acompanhado esta tendência. Todavia, é ainda escasso o estudo da gestão e dos métodos de segurança do doente. Com recurso ao Centro de Saúde do Cartaxo, a investigação contribui com a análise da proposição de que existe não apenas um escasso conhecimento dos profissionais que directamente contactam com o doente sobre a segurança do doente nos cuidados de saúde primários, mas também de que os métodos usados na prática são muito intuitivos e individualizados pela ausência de orientação coordenada formal e institucional. Recorrendo a uma metodologia qualitativa e ao método de estudo de caso, efectuou-se uma entrevista semiestruturada a 40 profissionais de saúde que contactam com o doente, entre médicos, enfermeiros e técnicos, de modo que se conheça aquilo que sabem sobre segurança do doente e que consequentemente incorporam. As entrevistas, realizadas entre fevereiro e junho de 2015, confirmaram diversas discrepâncias entre unidades funcionais. Clarificou-se que no domicílio o conhecimento é mais escasso. Delimitaram-se factores que previnem o asseguramento de um ambiente e uma cultura de confiança, a melhorar com um plano de formação e coordenação institucional que suporte a notificação. A complexidade do contexto tem impacto na natureza e dimensão de eventos adversos por stress, volume de trabalho e organização. Construiu-se a taxonomia de eventos adversos e mapeou-se o seu caminho da origem até à solução.

Patient safety and the development of quality safety processes have been gaining prominence in business management in the public and political sector, particularly in Europe, after the "Quality and Safety in European Hospitals" project was driven by the support of the Lisbon strategy agenda. Scientific research has also followed this trend. However, the study of patient safety management and methods is still scarce. Resorting to Cartaxo Health Centre, the research contributes to the analysis of the proposition that there is not only a lack of knowledge of the professionals who directly contact the patient about the patient's safety in primary health care, but also that the methods used in practice are very intuitive and individualised by the absence of formal and institutional coordinated orientation. Using a qualitative methodology and the case study method, a semi-structured interview was conducted with 40 health professionals - among doctors, nurses, and technicians - who contacted patients, in order to know what they know and consequently incorporate about patient safety. The interviews conducted between February and June 2015 confirmed several discrepancies between functional units. It was clarified that in the domicile the knowledge is scarcer. We have delimited factors that do not ensure a reliable environment and culture, to improve with a training plan and institutional coordination that supports notification. The complexity of the context impacts on the nature and dimension of adverse events due to stress, workload and organization. A Taxonomy of Adverse Events was constructed and its path from the source to the solution was mapped.