Este estudo explora como a dependência econômica molda as experiências de mulheres em situações de violência baseada em gênero (VBG) na Colômbia, e como elas respondem por meio de estratégias de enfrentamento, resistência e empoderamento coletivo. Com base em epistemologias feministas e decoloniais, a pesquisa adota um desenho qualitativo, utilizando entrevistas semiestruturadas com doze mulheres colombianas que vivenciaram relações íntimas marcadas por dependência econômica. Os dados foram analisados por meio da Análise Temática Reflexiva, orientada por uma abordagem situada e relacional da saúde mental e do bem-estar. Os resultados revelam que a dependência econômica atua não apenas como um fator de risco, mas também como um mecanismo de controle e uma forma naturalizada de violência estrutural. As participantes descreveram intersecções complexas entre mandatos culturais (como o aguantar), negligência institucional e abuso emocional, que impactaram sua autonomia e saúde mental. Apesar desses desafios, as mulheres desenvolveram estratégias significativas de sobrevivência, apoio relacional e agência econômica, ao mesmo tempo em que projetaram mudanças pessoais, coletivas e estruturais. O estudo conclui que os atos cotidianos de resistência protagonizados por essas mulheres desafiam as desigualdades sistêmicas e ressaltam a necessidade de respostas transformadoras que vão além de abordagens individualistas.

This study explores how economic dependency shapes women’s experiences of gender-based violence (GBV) in Colombia, and how they respond through coping, resistance, and collective strategies for empowerment. Grounded in feminist and decolonial epistemologies, the research adopts a qualitative design using semi-structured interviews with twelve women who have experienced economic dependence in intimate relationships. Data were analyzed through Reflexive Thematic Analysis, guided by a situated and relational approach to mental health and well-being. Findings reveal that economic dependency operates not only as a risk factor, but also as a mechanism of control and a normalized form of structural violence. Participants described complex intersections between cultural mandates (e.g., aguantar), institutional neglect, and emotional abuse, which impacted their autonomy and mental health. Despite these challenges, women developed meaningful strategies for survival, relational support, and economic agency, while envisioning personal, collective, and structural change. The study concludes that women’s everyday acts of resistance challenge systemic inequality and highlight the need for gender-transformative responses that move beyond individualistic frameworks.