Esta dissertação investiga o impacto da dualização do mercado de trabalho nas atitudes face ao Estado de bem-estar social em Portugal, comparando os períodos que antecedem e sucedem a crise financeira europeia. A dualização segmenta os trabalhadores em "insiders", aqueles que possuem empregos estáveis e proteções robustas, e "outsiders", frequentemente expostos a condições precárias e inseguras. Em Portugal, a crise financeira e subsequentes reformas no mercado de trabalho e medidas de austeridade intensificaram essa divisão, afetando as atitudes dos trabalhadores em relação ao Estado providência. Para analisar essas dinâmicas, foram utilizados dados do European Social Survey de 2008 e 2016, possibilitando uma comparação entre os períodos de interesse. A análise identificou três dimensões de atitudes face ao estado providência: moral, social e económica. Os resultados indicam que, após a crise, as atitudes dos insiders e outsiders tornaram-se mais dispersas, com distinções notáveis em função de fatores demográficos e ideológicos, como idade, educação e orientação política. Este estudo contribui para a compreensão da influência da dualização do mercado de trabalho nas preferências de políticas sociais, destacando como crises económicas podem redefinir atitudes e aumentar divisões em mercados de trabalho segmentados.

This dissertation investigates how labor market dualization influences welfare state attitudes in Portugal, focusing on the onset and the aftermath of the European financial crisis. Dualization separates workers into two groups, insiders, with stable contracts and protections, and outsiders, often facing insecure and precarious conditions. The financial crisis and subsequent labor reforms and austerity measures intensified this divide in Portugal, influencing workers’ welfare attitudes. Using data from the European Social Survey (2008 and 2016), this analysis compares welfare attitudes in the periods under study, categorizing them into three distinct dimensions: moral, social, and economic. Findings indicate that post-crisis, attitudes among insiders and outsiders became more dispersed, with notable distinctions based on demographic and ideological factors such as age, education, and political alignment. This study contributes to understanding how labor market dualization shapes welfare policy preferences, highlighting how economic crises have the ability to redefine attitudes and deepen divides within segmented labor markets.