Title
Representações sociais sobre o nascimento: O parto em casa
Author
Trindade, Inês Filipa General
Summary
pt
Este estudo tem como objetivo compreender as representações sociais do nascimento a partir
da perspetiva de mulheres que experienciaram ou planeiam um parto em casa. São analisadas
as representações sociais relacionadas com a gravidez, o parto e o pós-parto, com especial
enfoque no parto em casa, enquanto expressão de agência e resistência às normas
institucionais. Além disso, investigam-se as tensões entre as representações idealizadas e as
práticas realizadas, destacando as discrepâncias entre o ideal e a experiência concreta.
A transição para a maternidade é representada como um processo transformador, marcado
por fatores pessoais, sociais e estruturais. Nesse sentido, existe uma representação social da
gravidez como um rito de passagem que divide a vida da mulher em antes e depois da
maternidade, destacando a importância do apoio adequado em todo o processo.
No presente trabalho, verifica-se a existência de perceções negativas do parto no hospital,
frequentemente associado a intervenções médicas excessivas e dinâmicas de poder
assimétricas, o que compromete a autonomia e agência feminina e potencia práticas percebidas
como violência obstétrica. Nesse contexto, a escolha pelo parto em casa é interpretada como
uma forma de resistência à medicalização e procura por uma experiência humanizada que
valorize o protagonismo da mulher. Essa opção reflete uma crítica ao sistema biomédico, que
tende a centralizar decisões nos profissionais de saúde.
O impacto dessas experiências é evidente no pós-parto, influenciando o bem-estar das
mulheres e as suas representações sobre a maternidade. Existe ainda uma perceção de
negligência das necessidades maternas, devido ao foco quase exclusivo no recém-nascido.
en
This study aims to understand the social representations of childbirth from the perspective of
women who have experienced or plan to have a home birth. It analyzes social representations
related to pregnancy, childbirth, and postpartum, with a particular focus on home birth as an
expression of agency and resistance to institutional norms. Additionally, it explores the
tensions between idealized representations and actual practices, highlighting discrepancies
between the ideal and the concrete experience.
The transition to motherhood is represented as a transformative process shaped by
personal, social, and structural factors. In this context, pregnancy is socially represented as a
rite of passage that divides a woman's life into before and after motherhood, emphasizing the
importance of adequate support throughout the process.
The study identifies negative perceptions of hospital births, often associated with
excessive medical interventions and asymmetric power dynamics, which undermine women's
autonomy and agency while fostering practices perceived as obstetric violence. In contrast,
choosing home birth is interpreted as a form of resistance to medicalization and a pursuit of a
humanized experience that values women's protagonism. This choice reflects a critique of the
biomedical system, which tends to centralize decision-making in healthcare professionals.
The impact of these experiences is evident in the postpartum period, influencing women’s
well-being and their representations of motherhood. There is also a perceived neglect of
maternal needs due to the almost exclusive focus on the newborn.