Título
“O acolhimento aos deslocados internos pelo conflito de Cabo Delgado”
Autor
Filomeno, Fernanda Russo
Resumo
pt
O presente estudo procura analisar uma das maiores problemáticas atuais - os deslocamentos
internos causados por conflitos - sob a perspectiva do acolhimento.
A partir de 2017, conflitos armados que eclodiram no norte da província de Cabo Delgado,
em Moçambique, forçaram o deslocamento de milhares de pessoas expostas à insegurança
crescente e vulnerabilidades. Este movimento populacional em direção ao sul da província –
quase metade da população - foi absorvido, principalmente, por famílias de acolhimento, o que
causou outros tipos de problemas e expôs fragilidades tanto do governo, como das agências no
terreno.
Como parte assinante da Carta das Nações Unidas, assim como país ratificador da
Convenção de Kampala, Moçambique tem a obrigação prevenir o deslocamento interno,
proteger e assistir os deslocados e encontrar soluções a partir da assistência humanitária - que
pode e deve ser estendida às comunidades locais e de acolhimento - e quando incapaz de
cumprir com tais obrigações, deve facilitar assistência de organizações internacionais e de
agências humanitárias.
Através de uma abordagem qualitativa, o estudo focou nos problemas derivados do
acolhimento desordenado, a partir de uma observação comparativa entre vida em campos de
reassentamento e em famílias de acolhimento - focada na melhor adaptação a uma nova
realidade. Os resultados confirmaram que a falta de reconhecimento da proporção da crise
pelo governo derivou na demora de atuação de organizações, fator fundamental para o
acolhimento familiar inicial - que se prolongado causa atritos- e que os deslocados são mais
bem assistidos em campos, ainda insuficientes em números.
en
This study seeks to analyze one of the biggest current issues - internal displacement caused by
conflict - from the perspective of hosting.
Starting in 2017, armed conflicts that erupted in the north of Cabo Delgado province in
Mozambique forced the displacement of thousands of people exposed to growing insecurity
and vulnerabilities. This population movement towards the south of the province - over 1/3 of
the population - was absorbed mainly by host families, which caused other types of problems
and exposed weaknesses of both the government and agencies on the ground.
As a signatory party to the United Nations Charter, as well as a ratifying country of the
Kampala Convention, Mozambique has the obligation to prevent internal displacement, to
protect and assist the displaced, and to find solutions from humanitarian assistance - which can
and should be extended to local and host communities - and when unable to fulfill such
obligations, it must facilitate assistance from international organizations and humanitarian
agencies.
Through a qualitative approach, the study focused on the problems derived from the
disorderly host, from a comparative observation between life in resettlement camps and in host
families - focused on the best adaptation to a new reality. The results confirmed that the
government's lack of recognition of the extent of the crisis resulted in a delay in the actions of
organizations, a fundamental factor for the initial hosting family - which if prolonged causes
friction - and that the displaced are better assisted in camps, which are still insufficient in
numbers.