Título
Música e emoções vocais: Associações entre treino musical, aptidão musical, e o processamento temporal de emoções vocais
Autor
Baldé, Aíssa Mariama Nascimento
Resumo
pt
Existe um interesse crescente na possibilidade de as capacidades musicais se transferirem
positivamente para as competências emocionais. A presente dissertação pretende contribuir
para a investigação neste tópico, explorando associações entre duas dimensões da sensibilidade
à música — treino musical formal e variação natural em competências musicais — e o
reconhecimento de emoções vocais. Foi usado um paradigma de gating auditivo, no qual frases
expressas em quatro emoções (alegria, raiva, tristeza, medo) e neutralidade, foram apresentadas
de forma parcial em segmentos de duração crescente, até à apresentação completa do estímulo.
Participantes com e sem treino musical foram comparados (N = 107), e o nível de competência
musical dos participantes sem treino foi medido, de forma a identificar indivíduos com
capacidades musicais “naturalmente” boas, mesmo na ausência de treino musical. Os resultados
revelaram que o treino musical esteve positivamente associado ao reconhecimento de emoções
vocais quando apresentadas na totalidade. Os músicos também foram mais exatos a reconhecer
emoções em prosódia quando tinham acesso a informação acústica apenas parcial. Contudo,
não houve diferenças significativas entre grupos no ponto de reconhecimento das emoções.
Quanto aos participantes sem treino musical, aqueles com competências musicais naturalmente
elevadas também apresentaram algumas vantagens no reconhecimento de emoções, mas as
associações entre variação nas competências de perceção musical e o reconhecimento de
emoções foram genericamente fracas ou não significativas Na sua globalidade, estes resultados
sugerem que o treino musical está associado a melhor desempenho no reconhecimento de
emoções vocais, e realçam a importância de considerar a natureza multifacetada da
musicalidade.
en
There is a growing interest in the possibility that musical abilities transfer positively to
emotional abilities. This dissertation aims to contribute to the research in this topic, exploring
associations between two dimensions of music sensitivity — formal musical training and
natural variation in musical skills — and the recognition of emotions in prosody. An auditory
gating paradigm was used, in which sentences expressing four basic emotions (joy, anger,
sadness, fear) and neutrality, were presented to participants in segments of partial acoustic
information, in gates of increasing duration, until the full utterance was presented. Musically
trained and untrained individuals were compared (N = 107), and, additionally, the level of
musical ability of the non-musician participants was measured, in order to identify individuals
with “naturally” good musical abilities, even in the absence of musical training. The results
revealed that musical training was positively associated with the recognition of vocal emotions
when presented in full. Musicians were also more accurate at recognizing emotions in prosody
when they had access to partial acoustic information only. However, there were no significant
differences between groups in emotion identification points. As for participants without musical
training, those with naturally good musical skills also showed some advantages in recognizing
emotions, but the associations between variation in musical perception skills and vocal emotion
recognition were generally weak or non-significant. Overall, these results suggest that music
training is associated with better performance in the recognition of vocal emotions and highlight
the importance of considering the multifaceted nature of musicality.