O caso da Cambridge Analytica em 2018 mostrou como a era digital e as novas possibilidades resultantes do marketing comercial afectam as campanhas políticas. Apesar das preocupações, observamos hoje que os serviços de publicidade no Facebook estão a crescer e que o microtargeting político chegou à Europa. Uma vez que a investigação neste contexto ainda é escassa, esta tese visa analisar como a publicidade num canal específico dos meios de comunicação social poderia ter impacto numa eleição regional alemã. Utilizando a Análise do Discurso Crítico (CDA), foram estudados anúncios políticos no Facebook durante um período de dois meses antes das eleições estaduais federais em Hamburgo, em 2020. A análise do conteúdo e do discurso estava de acordo com o argumento de Roemmele e Gibson (2020) de que a forma "subversiva" de microtargeting é muito aparente e mina as potenciais consequências positivas de visar anúncios políticos (p. 595). Embora induzindo emoções negativas como o medo e sentimentos de insegurança física e social, as propagandas direccionadas mostraram atitudes sexistas e anti-idade, assim como encorajaram a identidade local e a xenofobia. Essencialmente, a tese argumenta que o microtargeting encoraja a desigualdade digital, contribui para uma cultura de voto que é emocional e ideologicamente motivada e pode acelerar a polarização da sociedade. Acima de tudo, a grande parte do discurso que visa convencer os eleitores em vez de os informar, leva à suposição de que o microtargeting é uma ferramenta que serve para ganhar potenciais eleitores aos níveis de informação mais baixos possíveis.

The case of Cambridge Analytica in 2018 showed how the digital age and the resulting new possibilities for commercial marketing affect political campaigning. Despite concerns, today we observe that Facebook ad services are growing and political microtargeting has arrived in Europe. Since research in this context is still rare, this thesis aimed to analyze how advertising on a specific social media channel could impact a regional German election. Using Critical Discourse Analysis (CDA), political advertisements on Facebook during a two-month period before the federal state election in Hamburg in 2020 were studied. Content and discourse analysis were in line with Roemmele's and Gibson’s (2020) argument that the "subversive" form of microtargeting is very apparent and undermining the potential positive consequences of targeting political advertisements (p. 595). While inducing negative emotions such as fear and feelings of physical and social insecurity, targeted advertisements showed sexist and ageist attitudes, as well as they encouraged local identity and xenophobia. Essentially, the thesis argues that microtargeting encourages digital inequality, contributes to a voting culture which is emotionally and ideologically motivated, and may accelerate the polarization in society. Above all, the large share of discourse aiming to convince voters rather than to inform them, leads to the assumption, that microtargeting is a tool that serves to win potential voters at lowest possible information levels.