O genocídio do Ruanda baseou-se num conflito de grandes dimensões disputado entre as comunidades Tutsi e Hutu, ao longo de cem dias no ano de 1994. Este evento é abordado, nesta Dissertação como um exemplo de conflito com uma dimensão de género, onde as mulheres Tutsi foram alvo de violência e de violação como arma de guerra, uma estratégia militar de combate onde os corpos femininos foram usados como proxy, com o intuito de propagar terror entre as mulheres e eliminar a comunidade Tutsi. No entanto, o envolvimento das mulheres ruandesas no conflito foi variado, tanto como criminosas como pacificadoras, revelando motivos para as suas ações tão variados, como os dos seus restantes compatriotas. A perspetiva da comunidade internacional sob o conflito levou a que se atingissem novos patamares de conhecimento no que toca a conflitos de género e direitos das mulheres. A participação ativa das mulheres no genocídio e na reconstrução do Ruanda, após o término do conflito, permitiu que estas entrassem na sociedade Ruandesa e que se dessem grandes passos para a igualdade de género no país, possibilitando que este se tornasse, hoje em dia, um dos líderes internacionais no que toca a representação política feminina.

The Rwandan genocide was a devastating conflict that took place between the Tutsi and Hutu communities for one hundred days in 1994 and which will be analysed in this Dissertation for having revealed a gendered dimension to it. Women were victims of gender-based violence and rape as a weapon of war, a strategic military tool of combat in which female bodies were used as proxies with the intent of spreading terror between women and eliminating the Tutsi community. Rwanda’s women, however, played diverse roles also as engaged participants in the conflict as both perpetrators and peacemakers, who revealed reasons for engaging as varied as those of men. The international community’s observation of the conflict led into further development on the issue of gender and conflict and milestones on women’s rights defence. Women’s participation during the conflict and in the post-conflict country’s reconstruction allowed them to enter Rwandan society and to enhance gender equality in the country, that is nowadays considered a leader in political female representation worldwide.