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Iscte • 12 mai 2011
Jornadas de Ciência Política do ISCTE-IUL a 19 e 20 de Maio
O que têm em comum revolucionários do MUD Juvenil dos anos 50, jovens contestatários das Crises de 62 e 69 e da actualidade? Personalidades de relevo, apresentarão na primeira pessoa testemunhos da sua época num debate aberto que promete ser histórico. As Jornadas de Ciência Política decorre no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa durante os dias 19 e 20 de Maio. Trata-se de uma iniciativa do NAM (Movimento cívico Não Apaguem a Memória) e do Núcleo de Alunos de Ciência Política do ISCTE-IUL em colaboração com a Direcção da licenciatura e mestrado em Ciência Política.

Consulte o programa das Jornadas de Ciência Política aqui.

19 de Maio - Vamos falar da nossa juventude 

A 19 de Maio, no primeiro painel, moderado por André Freire, participam quatro conhecidos opositores ao regime que foram presos pela PIDE: Carlos Veiga Pereira, Luísa Irene Dias Amado, José Tengarrinha e Mário Ruivo. Em foco estará o Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUDJ), que teve um papel fundamental na formação de associações académicas. Do MUDJ fizeram parte figuras como Mário Soares, Octávio Pato, Salgado Zenha, Júlio Pomar, Rui Grácio. Oliveira Salazar chegou a reconhecer que o MUDJ estava a se tornar num caso demasiado grave e que nem a força policial bastava para contrariar.

O segundo painel de participações, moderado por Raimundo Narciso, irá centrar-se sobre o Decreto-lei 40900 de 12 de Dezembro de 1956. Documento que veio controlar de forma severa as Associações de Estudantes. Perante este golpe na liberdade associativa, a reacção dos movimentos juvenis universitários obrigou a que a Assembleia Nacional fosse obrigada a recuar na ofensiva governamental. Nos 5 anos subsequentes o período de vazio legislativo permitiu às associações de estudantes consolidar e alargar a sua actividade. Intervirão: Carlos Portas, Herberto Goulart, Júlio Pequito e Prostes da Fonseca.

A Crise Académica de 1962 é o tema do terceiro painel, moderado Jaime Mendes, que contará com a presença de Fernando Vicente, Isabel do Carmo e Medeiros de Ferreira, também ex-prisioneiros da PIDE. A crise de 62 constituiu um dos principais momentos de conflito entre os estudantes universitários e regime do Estado Novo. Nesse ano, o Governo de Salazar proibiu, uma vez mais, as comemorações do Dia do Estudante. Um grande número de estudantes da Universidade Clássica de Lisboa reagiu ocupando a cantina universitária, vindo a ser reprimidos pelas forças policiais. A Academia de Lisboa decidiu então realizar uma greve de protesto, que seria violentamente reprimida pela polícia de choque. Na sequência, as Academias de Lisboa e de Coimbra decretaram conjuntamente o luto académico. 

Uma segunda crise académica surge em 1969, painel coordenado por Helena Pato, com a participação de Domingos Lopes, José Barata e Manuela Cruzeiro. Em 1969 o então Presidente da República Américo Tomás foi a Coimbra para a inauguração do novo edifício da Matemática. Durante a cerimónia de inauguração, o estudante Alberto Martins pediu a palavra ao Presidente da República, que lhe respondeu que nesse momento tinha a palavra o Ministro das Obras Públicas. E foi este o último discurso da cerimónia, porque, mal acabou, os governantes se retiraram. Alberto Martins foi preso nessa noite pela PIDE e houve cargas policiais sobre os estudantes. O pedido de palavra, após o discurso do Presidente, por Alberto Martins, converteu a festa numa crise que fez cair o reitor da Universidade e o ministro da Educação, José Hermano Saraiva. 

O quinto painel, moderado por Inês Trindade, será apresentado por alunos da licenciatura de Ciência Política do ISCTE-IUL e pretende abordar os movimentos estudantis na actualidade, com revelo para movimentos Geração Rasca, M12M entre outros.

20 de Maio - Arte, Política e Género

A 20 de Maio as jornadas irão centrar-se sobre Arte, Humor, Género e Política. No primeiro painel, intitulado “Arte e Poder”, moderado por Fábio Ramalho, participa Idalina Conde, socióloga e professora do ISCTE-IUL especialista em Sociologia da Arte e da Cultura. O segundo painel, moderado por Carlota Moura Veiga, irá reunir na mesma mesa os humoristas Ricardo Araújo Pereira, Fernando Alvim e o cartoonista Luís Afonso para falarem sobre “Humor e Sátira Política”. A fechar as jornadas, o painel composto pela ex-ministra de Educação, Maria Lurdes Rodrigues, a deputada da CDS-PP Assunção Cristas, Manuela Tavares e Manuela Dias, irá focar-se sobre o papel das Mulheres na Política, num debate moderado por Sofia Silva.



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