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A Reitora do Iscte, Maria de Lurdes Rodrigues, considera urgente saber as razões para a grande descida no número de estudantes colocados no Ensino Superior este ano. Houve menos 6 000 alunos a chegar ao Ensino Superior em comparação com os números do ano passado (uma redução de 12%).
Cenário contrário é o do próprio Iscte, a única Universidade portuguesa que aumentou o número de alunos colocados. A Reitora Maria de Lurdes Rodrigues, em declarações à TSF e à RTP, sobre o processo de candidaturas e colocações no Ensino Superior, que este ano teve forte quebra, esclarece:
“A afetação desigual das instituições de Ensino Superior, muito associada ao território, deve fazer-nos refletir sobre as fragilidades que o sistema de Ensino Superior tem. São fragilidades conhecidas, revelaram-se agora com maior nitidez, mas necessitam de ser encaradas de uma forma mais consequente. Apesar disso, as instituições sedeadas no Porto e Lisboa têm sorte: beneficiam de estar localizadas em território que atraem os jovens.”
Maria de Lurdes Rodrigues recorda que “a quebra abruta na procura das candidaturas só pode ter na sua raiz uma abrupta alteração das condições de procura do Ensino Superior. E a condição que sofreu alteração foi a introdução dos exames para conclusão do Ensino Secundário. Vemos isso quando comparamos com os 2 ou 3 anteriores anos, em que os estudantes não necessitavam de fazer exames para concluir o secundário, e este ano eles foram introduzidos. Temos que ver qual foi o efeito da introdução desses exames. Temos muitos indícios de que os exames se constituíram como um obstáculo ao aumento das candidaturas ao ensino superior.
A reitora do Iscte recorda os dados concretos desta 'queda abrupta': “Tínhamos 83 mil alunos inscritos para realizarem o exame de Português - que era exame obrigatório para todos - para concluírem o secundário. Destes 83 mil, apenas 77 mil realizaram o exame de Português e destes apenas 63 mil foram aprovados. Isto tem de nos fazer pensar. As questões da habitação, do custo de vida, há variáveis podem ajudar a explicar porque é que estudantes podem ter dificuldade em prosseguir os estudos, ou porque abandonam, mas não explicam a quebra nas candidaturas.
A razão da quebra tem de ser procurada numa variável que foi introduzida e que tenha produzido alterações significativas. E o que foi introduzido de significativo foram os três exames obrigatórios para concluir o ensino secundário.”